23 junho 2005

Oras, suas bichas frescas!

Vi num jornal que os professores estão emputecidos pela propaganda do carro, aquela que mostra uma bando de pivete colando. Tenho uma irmã que é professora, e acho que ela pensa o seguinte sobre isso:
"Se eles esqueceram que um dia foram crianças, é problema deles".

Aluno acha que o professor mais idiota é o mais fácil de se colar - justamente aquele mané que todo mundo zoava. Bem, não sou contra esse tipo de prática, vacilou tem mais é que se foder para aprender a lição e não repetir o erro. E, falando em repetir, quase fui reprovado em matemática no Segundo Ano.

Comentei com meu chefe o ocorrido, e ele, BACHAREL em Ciências da Computação, Matemática com Ênfase em Informática e um dos caras que trabalhou nas primeiras versões do Windows, disse o seguinte:

-Cara, desista de achar que você é o bambambam da coisa. Quem não cola não sai da escola.

Ouvir isso de um cara que era pra ser o maior nerd brasileiro é algo que choca. Mais chocado fiquei quando vi ele FAZENDO a lição dos pequenos dele (que foram gentilmene escorraçados para a Alemanha, para intercâmbio e aprender a se virar). Puta incentivo, hein? Nunca fizeram lição pra mim, na escola era o maior cdf, mas zoava o tempo todo. Pra se ter uma idéia, na primeira série, TODO dia tinha um bilhete para minha mãe assinar.

Na segunda série eu nem copiava, às vezes fingia copiar.

Na terceira, eram as guerras de bolinha de papel, zarabatana e estilingue de argola plástica.

Na quarta eu não fazia a lição de casa, inventei que tinha trigêmeos para cuidar, e não tinha tempo para lição nenhuma. Quase fui parar no conselho tutelar por essa.

Na quinta, não fazia porra nenhuma por que era greve de professores pra cá, pra lá, e nunca tinha aula.

Na sexta faltei seis meses e aí começei a tomar rumo. Fui reprovado, e mudei para uma escola aqui perto. No primeiro semestre era puxar sutiã das meninas, levar uma pro canto (tipo, em brincadeira de pega-pega) e dar alguns beijos, etc, etc. Tinha gente que me odiava (entenda, os caras) por ter a cara de pau de fazer o que todo mundo queria fazer, mas era apenas os da oitava que faziam.

Na sétima foi o ano das namoradas e das brigas. Cada dia tinha que trocar murro com uma pessoa diferente para poder garantir meu lugar na sala. Ou quando não ficava com a namorada de um ele vinha com os punhos (e os chifres) querendo me arrebentar. Um só conseguiu, e nem comemorou muito; Três dias depois, a vingança estava articulada e ele havia tomado um banho de água fria, levou pedradas, pauladas e quebraram um osso dele. Tudo por que espalhei o que sabia dele.

Na oitava, era mais sossegado. Minha miopia tinha começado e aí precisava olhar mais para a lousa, além de ficar atento ao professor, às meninas (eu sempre sentava no lugar onde tinha maior concentração de fêmeas) e de onde viria a próxima bolinha de papel. Só que essa era feita com umas 8 folhas, além de durex. Na saída, ir para a casa da namorada, enrolar o pai dela até o veio dormir e depois ir se divertir com ela (quando não era na escola, ou na minha casa). Eu e Malefix fundamos uma gangue na região, com propósitos justiceiros e mercenários.

No primeiro ano ninguém me aturava, levei até tapa na cara de nego nervoso. E o cara acalmou na hora. Por causa do murro no estômago e do chute no saco, além da joelhada no nariz e na cadeirada nas costas. E dá-lhe mulher.

No segundo ano eram as faltas, a descoberta do sistema de computadores da escola, os livros e as zoações gerais.

E, no terceiro é que fui acalmar. Só dormia e namorava, nem queria mais saber dos pivetes. Tá, era legal tacar fogo em caneta debaixo da mesa do professor e ver ele achando que a tinta era sangue, mas tem hora que isso cansa.

E só não entrei na faculdade por que era bolsista, e eles queriam distância do pessoal assim, o lucro no imposto de renda não compensava o gasto comigo. E olha que foram 85% da prova sem ter estudado muito.

Resumindo: Se você é um dos fodões da sala, faça de tudo para TE passarem cola. Nem que seja na persuação do tipo "Me entrega essa cola ou conto que você tava brincando de médico com o Fulano, anda, rapaiz".

Ronde muito a região próxima a escola, para garantir que você vai ser o primeiro a saber das coisas. Forme uma gangue se necessário, mas fique você apenas de chefe e sem nenhum conselheiro.

Tenha certeza absoluta que o que você sabe outros não sabem.

E, por último, ande com um lenço amarrado no braço em forma de luva de street fighter, mas coloque a sua cola nela. Acredite, até hoje ninguém na escola desconfiava do por que meu braço coçava tanto.

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